sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Trabalho Escrito - Textos

Conceito de Qualidade de vida


Problemas Especiais ou Peculiares

Crises ocasionais ou leves e efeitos colaterais infreqüentes ou toleráveis podem ser considerados aceitáveis pelo médico e inaceitáveis pelo paciente. Além disso, pessoas com epilepsia têm maior incidência de problemas psicossociais e psicopatológicos.
Uma pessoa que tenha tido duas crises e receba o diagnóstico de epilepsia pode ter problemas de QVAS. A duração do tratamento é geralmente longa, as DAEs precisam ser tomadas várias vezes ao dia e podem causar efeitos colaterais que influenciam o dia-a-dia da pessoa, com conseqüências psicológicas e sociais enormes. Essas pessoas podem ter a percepção ou realmente ter limitações em oportunidades sociais, educacionais e de emprego, assim como na direção de veículos e dificuldades de transporte. Além disso, atitudes familiares e sociais mantêm ou provocam baixa auto-estima e dependência, estigma, discriminação e restrições.
Ao se avaliar a epilepsia, portanto, devem-se considerar os problemas sociais, psicológicos e comportamentais, além dos óbvios problemas físicos.


Problemas Físicos

As crises epilépticas aumentam o risco de contusões, lacerações, fraturas, entorses, queimaduras e afogamentos, assim como o de morte súbita.
DAEs podem causar efeitos físicos tais como hiperplasia gengival, sedação, náusea, visão dupla, tremor, hirsutismo, ganho de peso e outros. Alguns desses efeitos são sutis e podem passar despercebidos pelo paciente. Outros são intermitentes, enquanto outros, ainda, são contínuos ou crônicos. Medidas de QVAS mostram alterações em pessoas com efeitos adversos neurotóxicos ou sistêmicos.


Problemas Psicológicos

Pacientes com epilepsia têm maior prevalência de distúrbios comportamentais (depressão e ansiedade) e problemas cognitivos (alterações de memória e nomeação).


Problemas Sociais

O diagnóstico de epilepsia pode ter conseqüências nefastas para as atividades de adultos e crianças. Alguns pacientes ficam apreensivos com relação a casamento (anticoncepção, fertilidade, gravidez, malformações congênitas e cuidados dos filhos), e com oportunidades limitadas de trabalho e suas conseqüências.


Medidas Atuais Disponíveis na Literatura

Há múltiplas escalas para se avaliar problemas cognitivos e comportamentais: Minnesota Multiphasic Personality Inventory (MMPI) e Washington Psychosocial Seizure Inventory (WPSI), entre outros. Na avaliação de QVAS em epilepsia temos o ESI-55 (Epilepsy Surgery Inventory) e a bateria de Liverpool. Além dessas escalas, há versões de determinados países (versão alemã) e modificações para crianças e adolescentes.
Nos ensaios terapêuticos com drogas, geralmente, não há diferenças estatisticamente alcançadas, seja pelo efeito discreto do tratamento na qualidade de vida, seja pela baixa sensibilidade das variáveis ou pelo tempo curto de intervenção para provocar mudanças importantes.
Um aspecto problemático é a adaptação cultural e a tradução dessas escalas, necessitando sempre de uma validação para sua interpretação adequada.


Conclusão

Não há, no momento, um consenso sobre como medir QVAS em epilepsia. Há várias escalas enfatizando aspectos gerais e específicos, tais como efeitos de medicação ou de cirurgia para epilepsia. O contexto social, cultural, as necessidades e percepções em diferentes faixas etárias (infância, adulto e senilidade) são fatores que dificultam a uniformização dessas escalas. Além disso, o longo tempo de aplicação das escalas implica em procedimento de alto custo, o que dificulta o caráter investigacional.
De qualquer modo, ao se propor um novo método de intervenção tal qual o uso de um novo fármaco, impõe-se a mensuração com escalas de QVAS. Provavelmente, num futuro próximo, na prática clínica, as questões de QVAS em epilepsia serão tão rotineiras quanto as relacionadas ao controle das crises.
Por ora, nada substitui o bom senso do médico ou da equipe multidisciplinar que atende o paciente com epilepsia.

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