sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Trabalho Escrito - Textos

Grandes personalidades conviveram com a epilepsia

Pintores e Músicos

O pintor holandês Van Gogh é o maior exemplo da genialidade artística em um caso considerado como epilepsia, como foi diagnosticado pelo Dr. Peyron no asilo Saint-Paul de Mausole em Saint-Remy de Provence. Apesar de que Van Gogh é um caso atípico, com vários fatores que podem ter influído para a sua doença mental que até hoje ainda não foi bem explicada. As causas de suas crises podem ter origem na intoxicação por várias substâncias, como o álcool, o absinto, as próprias tintas e a terebintina, usada como solvente e para secar os pigmentos e que Van Gogh ingeria. Van Gogh tinha também o hábito de comer as suas pinturas, que seria uma conseqüência de seu vício em substâncias com terpenos, presente no absinto, na cânfora e na terebintina.
O pintor sofria de mania aguda e alucinações visuais e auditivas, que o levaram a cortar a própria orelha. Nas cartas enviadas ao irmão Theo, Van Gogh descrevia vários sintomas e as crises que passou a ter após os 35 anos de idade e que continuaram até a sua morte, dois anos depois. Em uma dessas cartas, quando estava internado em Sait-Remy, ele escreveu: "as alucinações insuportáveis desapareceram, estando agora reduzidas a um pesadelo simples, eu penso que em conseqüência do uso que venho fazendo do brometo de potássio", o primeiro medicamento usado para combater crises epilépticas.
Depois dessa internação, Van Gogh procurou o médico homeopata Dr. Paul Gachet que diagnosticou intoxicação aguda por terebintina e lesão cerebral causada pelo sol. O Dr. Gachet foi retratado em dois quadros famosos de Van Gogh, com ramos da planta deda leira, também conhecida como digital (Digita lis purpúrea). No século 18 a deda leira chegou a ser usada no tratamento da epilepsia, mas não há registro de que ela tenha sido receitada e usada por Van Gogh.
Grandes gênios da música apresentaram quadros de epilepsia. Há suspeitas de que o compositor alemão Ludwig van Beethoven tenha tido a doença. Beethoven tinha uma personalidade marcante e no final da vida sofreu com vários problemas de saúde. A partir do 30 anos, ele começou a ter perda progressiva da audição e aos 50 anos estava praticamente surdo.
O compositor também sofria de cirrose hepática. As análises feitas no cabelo de Beethoven indicaram altos níveis de chumbo, provavelmente ingerido através de peixes contaminados. Isto pode ter provocado uma doença conhecida como saturnismo, causada pela intoxicação pelo metal pesado e que provoca transtornos mentais e neurológicos.
Outros nomes de músicos tradicionais são citados na literatura como portadores de epilepsia, como o compositor barroco Handel, autor de O Messias, o italiano Niccolo Paganini, um violinista virtuoso, o compositor francês Berlioz e o russo Tchaikowsky, autor das obras O Lago dos Cisnes e O Quebra-Nozes. Do século 20, há o caso do americano George Gershwin, compositor de canções populares e do roqueiro inglês Ian Curtis.
A história de Curtis é curiosa e trágica. Ele era vocalista da banda Joy Division que foi criada em 1977, numa época seguinte ao estouro do movimento punk. A banda foi a precursora do som soturno e melancólico, que caracterizou o estilo conhecido no Brasil como "dark" ou "gótico". A primeira crise convulsiva do vocalista aconteceu logo após a estréia em Londres. O show foi decepcionante e a crise abalou Curtis. Depois disso, a excitação dos shows levava o vocalista a ter ataques epilépticos em pleno palco.
Quando Ian Curtis tinha convulsões durante as apresentações ao vivo, o público adorava e achava que fazia parte da performance. Até o jeito de dançar de Ian tinha alguns gestos que chegaram a ser comparados aos movimentos das convulsões, mas este estilo já existia antes dele ter a primeira crise. A mulher do vocalista, Deborah Curtis, escreveu o livro Carícias Distantes, onde relata os bastidores da banda. Ela escreveu: "as pessoas o admiravam por aquilo que o estava matando". O estilo mórbido e as letras melancólicas ficaram marcados já nas músicas do primeiro álbum da banda, Unknown Pleasures.
Com os sintomas da doença, Ian Curtis desenvolveu problemas emocionais.
Quando ficava eufórico durante os shows e a crise não acontecia nos palcos, ele só conseguia dormir depois de esperar o ataque. Segundo Deborah, ele tinha medo do sono. Curtis chegou a se separar da mulher e os problemas o levaram a ser internado por ingerir uma alta dose de remédios. Pouco tempo depois, ele se suicidou, enforcando-se em sua casa. Os outros integrantes da banda, Bernard Summer e Peter Hook, formaram em seguida a banda New Order, que fez bastante sucesso nos anos 80 com seu som eletrônico para as pistas de dança.

Alguns atores famosos de Hollywood também sofreram de epilepsia, como Richard Burton, Michel Wilding e Margaux Hemingway. No Brasil, o Imperador Dom Pedro I era considerado um gênio, segundo alguns historiadores, incluindo Pedro Calmon. Apesar de ter recebido pouca instrução, o Imperador se destacava em certas habilidades artísticas e tinha um gênio impetuoso. Dom Pedro I foi o autor da música do Hino da Independência. Segundo os historiadores, ele sofria de epilepsia herdada do lado materno de sua família e antes dos 18 anos já tinha sofrido seis crises.

Nenhum comentário:

Postar um comentário